segunda-feira, 29 de junho de 2009

Transporte durante a noite

Paris é uma cidade grande com espirito de cidade pequena. Acho incrivel como nessa megalopole de 12 milhões de habitantes (2 milhões em Paris e 10 nos arredores) os metrôs param de funcionar durante a noite. Como é possivel isso? Eh tão chato sair e ter que escolher entre voltar à meia-noite ou às seis da manha! Até tem um ônibus noturno, mas ele demora horas pra passar e não cobre a cidade toda. O mais perto me deixa ha 2,5km de casa. Tem também o velib, pra quem não conhece é um sistema de aluguel bicicletas implantado pelo governo ha 2 anos que vem dando super certo. So que é altamente desaconselhavel pegar numa bicicleta depois de sair de um bar, não é verdade Luci? Ainda mais eu que não sou nenhum às no guidon, especialmente entre os carros.

Os taxis são um capitulo à parte. Simplemente não existem em numero suficiente! Enquanto no Rio de cada três carros que passam, dois são taxis, em Paris eles são raros. E caros. Para se conseguir uma licença tem que se desembolsar cerca de 200 mil euros! Por isso é um mercado super fechado. Alias, li que o dono da Ryanair (a empresa de avião), comprou uma licença de taxi pro carro dele, so pra poder rodar na pista exclusiva. Excêntrico, não? Mas voltando às baladas, à noite aparecem os taxis piratas, porque tem demanda. So que depois do estupro e assassinato de uma sueca ano passado por um desses motoristas o pessoal esta de alerta. De qualquer forma, o preço de uma corrida é muito caro pro meu bolso, então nem cogito a possibilidade.

O que às vezes acontece, é a gente se preparar pra voltar de metrô à meia-noite, acabar perdendo o ultimo trem e ter que ir andando pra casa. Ta, isso acontece mais com o cheri quando ele sai sozinho, porque eu faço de tudo pra não ter que andar 2h durante a madrugada num frio dos infernos, por mais contraditorio que essa frase soe. Ele sempre se perde na saidera, tadinho.

Tem também os amigos dos amigos que estão de carro, e que quando te ouvem dizer que vai embora por causa do metrô, dizem que de maneira nenhuma, esta cedo ainda e além do mais ele vai te dar uma carona, pois a sua casa é no caminho da dele. Dai você fica. E quando vai perguntar pro seu amigo cadê o amigo dele, ele te diz que ja foi embora, por que? E você fica com cara de tacho. Então ou você tem a sorte do lugar ficar aberto a noite toda, o que é raro, ou então escolhe entre esperar o primeiro metrô sentado na calçada ou andar pra casa. Geralmente se faz as contas de qual das duas opções se consegue chegar em casa primeiro.

Eu me desanimo a sair so de pensar no perrengue que é voltar pra casa depois. Ja estou sem muita - ou nenhuma - disposição pra balada (sera que estou ficando velha?), ainda mais com o sistema de transportes de Paris contra mim. Assim desisto facil.

Vamos tomar uma providencia, monsier Delanoë, e colocar os metrôs pra funcionar de madrugada! Assim não da, né?!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Troca-troca

A França é um pais de tradições revolucionarias. As cabeças reais cortadas representaram a queda do privilégio de classes e o fim da desigualdade social. Ta certo que isso foi ha muuuuito tempo atras, mas os principios que regem essa nação guardam ainda alguns desses valores. Ja o Brasil, ele foi construido artificialmente, não formado naturalmente por opressores e revoluções. Quer dizer, a primeira parte até teve bastante, mas a segunda foram poucas. Isso me lembra quando eu conheci o cheri na Australia e enquanto trabalhavamos colhendo caquis, resolvemos contar a historia dos nossos paises. Eu comecei assim : "Em 1500, Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil" e depois de uma hora tinha acabado. Ja ele, começou : « Na Idade Media… » e levou o resto do dia.

Mas o que quero dizer, é que hoje ha uma contradição flagrante entre os dois paises : a França é um pais de esquerda comandado por um governo de direita e o Brasil é um pais de direita comandado por um governo de esquerda. O resultado disso é que em ambos o poder de mudança dos presidentes estao limitados. E claro que se o Sarkozy pudesse, ele transformaria a França num novo paraiso capitalista, seguindo direitinho o modelo americano. Mas a tradição esquerdista impede, então ele é obrigado a fazer as mudanças devagarinho, como quem não quer nada. Ele quer acabar com as universidade publicas? Vai cortando as vagas dos professores, depois aumenta o valor da matricula, vai dando mais autonomia para cada universidade. Quer diminuir os impostos dos ricos? Diminui um pouquinho esse ano, outro pouquinho ano que vem… Mas isso não quer dizer que o povo francês não percebe, ah isso não! Nunca vi gente estar tão em dia com a politica do que eles. E se algo não esta bem, la vão eles para a rua. As universidades estão em greve ha meses, por exemplo.

Por outro lado, no Brasil, o presidente Lula não pode lutar contra a desigualdade social como gostaria, por causa das nossas raizes de direita. Nossa cultura esta na base do merecimento. Quer ter dinheiro? Vai trabalhar. Tem muita concorrencia? Seja o melhor. Todo esforço do governo é criticado com verocidade pela oposição. Reforma agraria? Nem pensar, a midia é contra. A forma de protesto é um pouco diferente, ja que a classe média so vai pra rua se for em Ipanema porque é perto de casa. Agora, ca pra nos, por que apesar dos dois governos estarem de pernas atadas, eu tenho a impressao de que o Sarkozy esta conseguindo correr bem mais rapido do que o Lula?

O discurso das pessoas tambem é interessante. Meus amigos do Brasil, de esquerda, às vezes falam umas coisas que deixariam até a direita menos extremista de cabelo em pé. Alias, descobri aqui que muita gente que se dizia de esquerda, e eu acreditava, é na verdade quase direita radical!

Um bom exemplo é a tão criticada bolsa-familia, que não por acaso é regra na França. Quem não tem emprego, tem direito a uma ajuda mensal do governo, isso é o basico. E claro que a direita critica esse modelo também, mas ela não pode simplesmente acabar com essa ajuda, se não quiser ver seu pais pegar fogo. Saude e educação são praticamente de graça (e de qualidade) para todos, e quando eu digo todos incluo os imigrantes ilegais também. Escola é obrigatoria para todas as crianças e a punição para isso é pior do que a punição por estar ilegal. Tenho uma amiga não-legalizada que tem direito a psicologo de graca uma vez por semana.

Sera que um dia as correntes politicas dos dois paises vão se inverter?

sábado, 20 de junho de 2009

Ida à imigração

Como previsto, fui renovar meu visto dia 16. A grande surpresa é que eu consegui renovar o visto! Assim, de primeira. Nunca tinha me acontecido. Vou contar minha saga.

Pela primeira vez tive uma hora marcada à tarde, sempre ia de manhã e nunca tinha muita gente, mas mesmo assim demorava. Dessa vez cheguei e a sala estava lotada! Bateu um desânimo de ter que perder algumas horas naquela sala de espera, pois é la que eu me dou conta de que a qualquer momento vão me chamar para ser maltratada, desrespeitada, ironizada e questionada quais são as minhas intenções com a Republica Francesa. Pelo menos eu estava com o cheri. Não que ele tenha se voluntariado para o perrengue, mas a presença do cônjuge é obrigatória (sorriso sarcastico).

Durante a espera foi muito interessante observar os casais que chegavam. A cara que faziam quando abriam a porta e viam a sala lotada também era engraçada, mas eu quero dizer que reparava em como os casais combinavam entre si. Tinha um par que era super chique. Ele de terno e gravata, ela de saia e salto alto; ele de cabelo cortado no melhor estilo direita cristã, ela de rabo-de-cavalo puxado pra tras, sem um fio fora do lugar. Pareciam dois corretores da bolsa de NY num dia razoavel: nem tão bom para sorrir, nem tão ruim para descuidar da aparência. Outro casal apareceu. Dessa vez representantes do culto ao corpo. Ele, um armario, andar arrogante, tatuagem no braço, braco que devia ter a mesma grossura da cintura dela, que por sua vez tinha cabelos loiros e lisos e usava roupas da ultima moda (ou o que eu imagino ser a ultima moda, ja que não dou a minima). Tinha também um outro par que me fez lembrar de mim e do cheri na primeira vez que entramos naquela salinha. Eles usavam tênis e calças jeans e pareciam bem jovens e perdidos. Pensei logo que eles também foram obrigados a se casar em nome da imigração francesa, pobrezinhos. E estavam apenas começando. O engraçado é que em nenhum caso pude dizer quem era o francês e quem era o estrangeiro do casal.

R38!

Opa, nós. Levantei pensando que estava tudo certo, tinhamos todos os papéis pedidos, todas as infinitas xerox, data do casamento decorada, e mais os documentos que temos que adivinhar que eram pra trazer, pois mesmo que não esteja escrito, eles pedem de uma maneira que faz com que pareça óbvio que eles precisavam deles! Não tem erro, eles não vão conseguir me barrar dessa vez. Sentei sem a menor sombra da simpatia que carregava nas minhas primeiras visitas à imigração e a mulher começou a examinar os papéis. "Ah, infelizmente não vai ser possivel, vocês não tem todos os documentos pedidos. Faltam mais provas de que vocês estão realmente casados". DE NOVO? Insistimos, tinhamos tudo. "Falta a seguridade social que vocês tem em comum". Nós não temos seguridade social em comum. "Então cadê a do monsieur sozinho?". Não trouxemos, não achamos que documentos individuais do monsieur eram necessarios. Ela riu como quem diz, vocês não tem o direito de achar nada. E então, por alguma razão, esse documento, que não tinha sequer meu nome, era uma prova fundamental de que estavamos casados de verdade.

Pedimos para ela considerar. Ela disse que ia levar o caso a sua superiora. Levou meu dossier e demorou uns 10 minutos. Enquanto isso ficamos rezando para a superiora ter acordado com passarinhos na janela, café-da-manhã na cama e beijinhos dos seres amados. Mas como eu ja estraguei o suspense logo no primeiro paragrafo dizendo que consegui o visto, bom, eu consegui o visto! E o melhor de tudo, esse dura 10 anos! 10 anos sem ter que voltar la (e sem ter que PAGAR pela renovação do visto) foi uma noticia boa demais pra gente.

Pelo menos tenho que admitir que dessa vez a pessoa que nos atendeu não foi grossa e nem nos tratou mal (não como das outras vezes).

terça-feira, 16 de junho de 2009

Machismo na França

Inutil dizer que o machismo esta presente em todos os paises do mundo e na França não é diferente. So que aqui às vezes ele é meio controverso. Se no dia-a-dia eu não vejo discriminação, à noite, quando chego em casa e ligo a tv, ela esta la.

De todos os filmes franceses que vi e que tinha alguma traição no enredo, era SEMPRE o homem que traia a mulher, nunca o contrario. Vi muitos filmes bobinhos quando estava aprendendo francês e em quase todos havia uma mulher traida. E sempre era uma coisa sem importância, parte da comédia onde o cara faz de tudo pra esconder a amante dentro de uma caixa de papelão durante a mudança, enquanto a platéia cai na gargalhada. Juro que às vezes não entendo o humor francês. E a oficial, geralmente uma besta quadrada, não percebe nada ou acaba perdoando tudo.

As vezes assistia uma novelinha para adolescentes chamada “Helene et les garçons“ e ficava impressionada com a quantidade de sexismo por minuto da série. Fora as traições, as meninas eram todas certinhas e queriam perder a virgindade com o principe encantado, enquanto os garotos eram uns bobalhões que babavam em qualquer coisa que vestisse uma saia. E para mim, o programa campeão do sexismo é o 'Un gars, une fille' (um cara, uma garota) que é tão bem apresentado que as pessoas tem dificuldade em identificar onde esta o problema. Pra quem não conhece, são quadrinhos tematicos de uns 5 minutos, tipo, un gars une fille andam de patins ou un gars une fille na cozinha, mas a intenção é pegar os estereotipos de homem e mulher e multiplica-lo por 40, para ficar engraçadinho. O cara é um macho man que nao sabe lavar a propria cueca e a garota é uma ameba.

Mas o que me intriga é que a realidade aqui não tem nada a ver com essa estupida programação de tv. Pra começar, os homens franceses fazem tarefas domésticas. Simples assim. Eles limpam a casa, lavam a roupa, fazem comida, tanto quanto a mulher. Acho que os jovens daqui, por sairem de casa mais cedo do que os brasileiros, aprendem a se virar sozinhos muito bem. E então quando vão morar com alguém ficam felizes que as tarefas serão divididas, ninguém pensa que é o outro que deve fazer tudo sozinho. E bom lembrar que a maioria das pessoas não tem faxineira. E empregada doméstica aqui, no sentido que conhecemos no Brasil, é sinônimo de escravidão. Aqui nao tem essa historia de ‘dupla jornada’ feminina não. E a idéia de as mulheres se aposentarem antes dos homens, como acontece no Brasil, parece absurda para os franceses.

Quando viram pais, os homens cuidam dos seus bebês. E isso eu tenho experiência pra falar! Ja devo ter tomado conta de todas as crianças dessa cidade e digo que os pais tomam conta deles tanto quanto as mães, às vezes até mais! Na rua, acho que vejo mais homens empurrando carrinhos de bebês do que mulheres.

Quando as mulheres andam na rua, elas não ouvem nenhum gracejo desagradavel. Em dois anos de Paris, so ouvi dois comentarios masculinos enquanto passava, e foi por culpa da Foire du Trone. Mesmo assim, o que ouvi foram frases simpaticas de "que linda" ou "como voce é bonita", de pessoas da minha idade, bem diferente de "eu te chupava todinha" que eu costumava ouvir de velhos nojentos (se ja é ruim de ler, imagina de ouvir). Passei a mostrar o dedo no Brasil, mas ai ja é outra historia.

Pra terminar, todos os casos de traições que tenho conhecimento no meu circulo de amigos e conhecidos na França, foram cometidos por parte das mulheres. E não foi pra contar vantagem não, pq aqui trair é uma vergonha, não uma vantagem. Oh!

Acho que os programas da televisão franceses estão meio ultrapassados.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Clara

Ela tinha seis anos e muita energia pra gastar quando comecei a tomar conta dela. Na verdade, eu tomava conta do seu irmão e outra bebê o dia todo, a Clara eu so via depois da escola, a partir de 4h30, três vezes por semana. Mas sem a menor duvida, ela me dava muito mais trabalho do que os dois bebês juntos.

A Clara achava que eu era assim, tipo uma amiga grande, na qual ela podia pular em cima sem cerimônias ou medo de quebrar, e forte, o que era super conveniente na hora de fazer o trabalho sujo nas brincadeiras. Isso porque as brincadeiras da Clara estavam longe de ter a pacificidade de um banal quebra-cabeças ou um jogo de tabuleiro. Geralmente elas terminavam com alguém chorando. Se ela resolvesse brincar de casinha, a coisa rapidamente descambava para o mais puro estado de violência doméstica. Uma brincadeira que ela adorava era interpretar a historia dos três porquinhos, mas com muito mais ação, é claro. E adivinha so quem era o lobo? Ela se metia no berço dobravel com o pobre do irmão e colocava um cobertor por cima e o lobo tinha que urrar e tentar pegar bracinhos desprevenidos para comer. A brincadeira geralmente acabava quando o irmão ficava com medo e pedia pra sair aos berros.

Na primeira vez que jogamos jogo da memoria (o que era dificil, considerando os dois bebês tentando a todo custo pegar as cartas e enfia-las na boca), pensei ingênua: vou deixar a Clara ganhar pra ela não ficar chateada. Hã? Doce ilusão a minha. A menina tem uma memoria de elefante e não é exagero dizer que de todas as nossas partidas, não ganhei uma. Ensinei ela a jogar fedô, e decidi abrir mão dessa regra estupida de deixa-la ganhar quando ela se mostrou uma competidora de alto nivel. O problema é que rapidamente descobri que ela odeia perder e fica com um mau-humor de cão quando isso acontece. Ela faz tudo pra ganhar, inclusive rouba descaradamente.

Quando a gente ia pro parque depois da escola era mais facil, ja que ela tinha mais espaco pra extravasar toda a sua infância e fazia logo amigos pra brincar. Um dia veio me perguntar se podia fazer xixi atras da arvore, porque estava muito apertada e o banheiro era longe. Dada a permissão, ela se colocou não tão atras da arvore assim e agachou. Três minutos depois volta ela, serelepe: "Aproveitei e fiz logo cocô também, estava com vontade". Eu estava comecando a dar o sermão, quando o irmão dela soltou da minha mão, foi conferir a obra da irmã e anunciou gritando bem alto e apontando "Cocô! Cocô!". Pronto, aqueles que ainda não tinham percebido a situação, ficaram cientes nesse momento.

Tenho um milhão de historias da Clara pra contar e não contei o que eu queria quando comecei a escrever esse post: as aulas de francês que ela me dava. Fica pra uma proxima vez.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Rotina

Faz um mês que pego o mesmo ônibus todo dia às 8h da manhã. E ja na primeira semana consegui reconhecer a rotina diaria desse curto percurso. Ao contrario do metrô, os ônibus demoram mais a passar, dai o pessoal que sai de casa mais ou menos na mesma hora acaba sempre indo junto. Por exemplo, quase sempre tem um menino de uns 10 anos de trancinhas no cabelo que espera o ônibus comigo. Ele faz somente três pontos, mas eu entendo sua preguiça de andar de manhã. A motorista geralmente é a mesma, uma loira bem segura de si que da um bonjour firme.

Na parte de tras do ônibus que pegamos tem uma rotunda de dez lugares que forma um circulo e eu gosto de me sentar la. Mesmo sem querer, a gente é obrigado a olhar uns para os outros. E somos sempre os mesmos, tipo ‘a turma do fundão’, mas sem a parte da bagunça. Todo mundo se reconhece, mas ninguém fala nada, claro. Tem uma mulher e uma menina que todo dia tomam café da manhã. O menu varia: croissant, pain au chocolate, bolinho. A menina come e quando ela não quer mais, a moça termina. Tem outro menino de uns 8 anos que esta sempre sozinho e é super educado e oferece seu lugar pra todo mundo.

Tem um casal de uns 20 e poucos anos que so fala inglês. Estão sempre impecavelmente arrumados. As vezes sobe mais gente com eles, todo mundo falando inglês, acho que devem estar fazendo um curso ou algo assim. Quando eles comecam a falar, todo mundo olha disfarçadamente. Tem um pai com carrinho de bebê, muito atencioso, que desce no mesmo ponto que eu. Dai quando chego no prédio onde trabalho, tem sempre um carinha varrendo a calçada e, dependendo dos meus minutos de atraso, ele esta mais ou menos avançado.

Estranho, mas essa pequena rotina cotidiana começa a me dar uma gostosa sensação de conforto.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sobre aviões e impotências

Que triste acidente.

A cada dia vão se colocando as peças no lugar e a gente vai descobrindo aos poucos os detalhes da tragédia. Onde o avião caiu, como ele caiu, porque ele caiu. Nos, os brasileiros que moramos na França, imediatamente pensamos: podia ser eu ali dentro. E por uma diferença de um dia, de três semanas ou de dois meses, não estavamos la. E todos temos a impressão de que foi por pouco.

O que me idignou na reação dos brasileiros tanto aqui como no Brasil foi a pergunta que parecia mais urgente : havia quantos brasileiros no avião? Sinceramente, o que importa? 288 vidas foram embora, a nacionalidade das vitimas é apenas um detalhe banal. Esse papo de "30 nações unidas pela mesma dor" não faz o menor sentido! Não deveria importar se eram todos brasileiros ou chineses, o drama é o mesmo, pessoas morreram. Fronteira é um conceito tão ultrapassado.

Não nos resta muita coisa a fazer. E esse sentimento de impotência é o pior.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...